Texto 1
A taxa brasileira de gravidez na adolescência está acima da média latino-americana e caribenha. É o que informa o relatório “Aceleração do progresso para a redução da gravidez na adolescência na América Latina e no Caribe”, divulgado por quatro agências vinculadas à Organização das Nações Unidas (ONU). A taxa mundial é estimada em 46 nascimentos a cada mil meninas de 15 a 19 anos. Porém, na América Latina e Caribe a média é de 65,5 nascimentos. E a do Brasil é de 68,4 nascimentos.
O documento ainda alerta que a América Latina e o Caribe são as únicas regiões do mundo com uma tendência ascendente de gravidez entre adolescentes com menos de 15 anos. A estimativa é de que 15% de todas as gestações da região ocorram em jovens com menos de 20 anos e 2 milhões de crianças nasçam de mães com idade entre 15 e 19 anos.
(Isabela Alves. “Brasil tem gravidez na adolescência acima da média latino-americana”. https://observatorio3setor.org.br, 11.02.2019. Adaptado.)
Texto 2
Vários discursos rodeiam a questão da gravidez na adolescência. Culpa-se o adolescente por ter informação e não a utilizar. Também culpam-se os pais, principalmente a mãe, por não passarem informações sobre sexualidade e métodos anticoncepcionais, além da falta de diálogo em casa.
Todavia, hoje, com o tema amplamente difundido, sabe-se que não é falta de informação, é falta de conscientização. Por isso, é preciso promover o envolvimento dos adolescentes na reflexão sobre o tema, para torná-los conscientes e autônomos, uma vez que nem toda gravidez na adolescência é indesejada. Afinal, a gravidez na adolescência é uma problemática na trajetória de vida dos jovens. É também um problema de saúde pública e da educação. Há uma necessidade de educação sexual.
(“Maternidade e paternidade na adolescência”. www.portaleducacao.com.br. Adaptado.)
Texto 3
Na linguagem corrente, os termos maternidade e paternidade significam, respectivamente, qualidade ou condição de mãe e pai. Já a palavra responsável traz o significado daquele, ou daquela, que responde pelos próprios atos ou pelos de outrem, ou ainda que responde legal ou moralmente pela vida, pelo bem-estar etc. de alguém. A condição de ser mãe ou pai, e não apenas genitora ou genitor, implica que a concepção de um filho esteja inscrita no desejo, que este se concretize numa gestação, cujo produto seja reconhecido como filho e, a partir de então, seja alvo do amor e do cuidado para sempre.
Há de se considerar, portanto, que para algumas moças a gravidez surge como parte de seu projeto de vida, parecendo inclusive ser desejada. Segundo pesquisas sobre o tema, para algumas adolescentes parece que ter um filho não foi nem tão impensado nem tão fora dos padrões quanto todas as acusações sugerem. O valor simbólico do filho é enorme, e a ideia de
tê-lo muitas vezes foi um acidente planejado. O ser irresponsável foi justamente para ganhar responsabilidade e antecipar sua entrada numa vida plena de mulher adulta.
Isso parece valer também para alguns adolescentes do sexo masculino, pois, com a possibilidade de o rapaz se tornar pai de família, começa a se delinear, com matizes e nuances, a imagem do homem de respeito. De fato, a paternidade historicamente tem contribuído para reforçar a masculinidade, e a condição de ser pai insere o homem no contexto cultural com a prerrogativa
de ser responsável.
Nas três últimas décadas, a gravidez na adolescência tem sido considerada, tanto na literatura científica como na imprensa leiga, um problema de saúde pública, sobretudo nos Estados Unidos e nos países ditos em desenvolvimento, como o Brasil, em face de sua ocorrência cada vez mais elevada. No entanto, longe de ser um problema puramente médico e de saúde pública, ela
constitui um desafio à sociedade. Os caminhos para prevenir a gravidez na adolescência existem, mas é preciso ter cuidado ao se falar em sua prevenção, a fim de não enfocá-la como patologia.
(Sonia Maria T. A. Gomes. “Maternidade e paternidade responsáveis na adolescência”. Adolescência e saúde, vol. 3, outubro de 2006. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Maternidade e paternidade na adolescência: entre a falha na educação e o problema de saúde pública
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