Experimentos em animais ainda são necessários para o avanço científico?

Texto 1

A Ciência utiliza diversos métodos de investigação. Ao olhar para a dinâmica histórica, constata-se há séculos o uso de animais em testes clínicos. Cães e coelhos já foram utilizados em testes para o tratamento contra a raiva, macacos para o tratamento de artrite reumática, tatus para o tratamento contra a hanseníase e gatos para o desenvolvimento de anticoagulantes.

(Vinícius Paiva. “É possível evitar testes em animais”. https://jornal.ufg.br, 07.03.2018. Adaptado.)

Texto 2

O bioterismo consiste no uso de animais de laboratório para a realização de estudos científicos e é uma prática recorrente e importante para as etapas de uma pesquisa, em especial na biomedicina. Patrícia Gama, diretora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB – USP) e professora do Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento do mesmo instituto, explica que métodos alternativos vêm crescendo, porém ainda não substituem essas etapas de pesquisa. A docente atua na coordenação da Rede USP de Biotérios, que mantém a produção de ratos e camundongos que posteriormente serão utilizados em experimentos científicos. Há outras instalações para abrigar animais de grande porte.

Segundo Patrícia, na pesquisa básica, por exemplo, há experimentos que investigam mecanismos de ação de fármacos ou de desenvolvimento de doenças, como tumores, e dependem do estudo em animais para que se compreendam as respostas em seres humanos. “Um exemplo é o entendimento do crescimento de determinados tumores, para o qual é preciso avaliar como as células se comportam em um ambiente que contenha todos os elementos presentes no organismo”, afirma. “Há variações nas células durante o dia e a noite? Essa questão não pode ser simulada em uma placa de cultura”, explica a pesquisadora. Já na pesquisa aplicada, a professora diz que os modelos animais funcionam na etapa denominada pré-clínica, “quando os medicamentos têm seus efeitos investigados antes dos testes em humanos”.

(Beatriz Herminio. “Por que o uso de animais em laboratório continua sendo importante nos dias de hoje?” https://aun.webhostusp.sti.usp.br, 10.02.2022. Adaptado.)

Texto 3

Como regra geral, os medicamentos hoje disponíveis nas farmácias são testados em animais. Isso é feito porque os cientistas precisam avaliar a reação de todo o organismo ao ter contato com o remédio. Mas e se o procedimento não der certo em animais? O médico norte-americano Ray Greek fundou com outros médicos de seu país uma organização sem fins lucrativos para divulgar métodos alternativos ao modelo animal. Greek rejeita o uso de animais como modelo para prever a resposta do organismo humano a remédios e doenças, pois, segundo ele, uma reação negativa ou positiva em um animal não significa necessariamente a mesma reação em humanos.

Assim como Greek, o biólogo Sérgio Greif, fundador da ONG Sociedade Vegana, em contexto brasileiro, defende que o fato de os medicamentos terem sido testados e aprovados em animais não os torna seguros para os seres humanos, porque os organismos são diferentes. “É como se a gente fosse pesquisar remédios para idosos em crianças. A gente está tratando de organismos que pertencem à mesma espécie, mas o organismo é diferente. Uma criança responde de uma forma, e idosos, de outra.

Nas palavras de Greif, as primeiras cobaias, na verdade, são as primeiras pessoas que recebem o fármaco em desenvolvimento, pois é apenas na fase de pesquisas com seres humanos que será possível de fato conhecer o produto. “Testes em animais não funcionam da forma como dizem. Seja qual for o resultado percebido na espécie testada em laboratório, vai-se precisar realizar testes em indivíduos. Então pode-se inferir que os experimentos com animais são desnecessários”, defende o especialista.

(Rádio Câmara. “Cobaias — a validade no ser humano dos resultados alcançados nos animais”. www.camara.leg.br. Adaptado.)

Texto 4

Os experimentos com animais têm sido a única maneira permissível de testar se um medicamento é seguro e eficaz antes de fornecê-lo a pessoas na fase de testes clínicos. Mas sua confiabilidade é irregular: muitos medicamentos eficazes em camundongos não funcionam bem em humanos, e vice-versa. Em relação ao câncer, as estatísticas são especialmente duras: estudos mostraram que os tumoroides (réplicas de um tumor humano em miniatura produzidas em uma placa de laboratório) têm cerca de 80% de chance de eficácia quando se pesquisa um medicamento, superando em muito a taxa média de precisão de 8% em modelos animais.

(Clive Cookson et al. “Ciência está mais perto de abandonar testes em animais”. www.folha.uol.com.br, 18.08.2022. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Experimentos em animais ainda são necessários para o avanço científico?

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