Os rios são o relógio e o calendário dos ribeirinhos, regendo seu modo de vida e trabalho.

O modo de vida dos ribeirinhos é totalmente regido pelo tempo ecológico das mudanças dos fenômenos naturais, como o ciclo hidrológico.

A relação do ribeirinho com o rio começa cedo, desde a infância, por meio de atividades como aprender a se equilibrar em casas flutuantes, brincar na canoa, nadar, pescar e tomar banho.

Atribuir simbolismo místico e religioso às águas pode ser uma maneira de disfarçar ou explicar problemas da vida real, como abuso sexual.

Sociólogos e antropólogos estudam a lenda do boto como uma forma de entender os altos índices de abuso e gravidez na adolescência na região, e como isso reflete o ambiente em que as pessoas vivem.

A identidade dos povos que vivem às margens dos rios está sempre ligada à água, e eles respeitam a afinidade que a natureza tem, conhecendo o tempo hidrológico e ecológico das coisas.

A água pessoal é o que forma a identidade das populações ribeirinhas.

Época das primeiras águas, quando o rio dá sinal de que há vontade de crescer durante as cheias e vazantes, épocas de seca e o regime hídrico condicionando e transformando a vida do homem amazônico ao longo das fases do ano.

As comunidades tradicionais causam o menor impacto possível à natureza por meio do uso e ocupação da terra.

As populações tradicionais são fundamentais para a conservação ambiental porque têm uma relação direta com a natureza por meio do uso dos recursos naturais e da agricultura de baixo impacto.

Os ribeirinhos têm uma observação aguçada do ambiente em que vivem, sabendo identificar localizações geográficas, mudanças climáticas e o período de reprodução dos peixes.

Os povos indígenas da região amazônica têm um profundo conhecimento do fenômeno aru, o que lhes permite identificar pessoalmente a chegada de massas de ar frio vindas do sul.

O caboclo amazônico é considerado o Guardião da Floresta, possuindo conhecimento nativo da região e sendo adaptado à natureza.

As populações indígenas têm conhecimentos que a sociedade dominante não tem, como extrair espécies, plantas ou artesanatos quando o rio seca ou chove.

O conhecimento que os moradores ribeirinhos têm é diferente do nosso, mas é substancialmente mais importante para eles do que o nosso.

A construção de usinas hidrelétricas, como Tucuruí ou Belo Monte, pode levar à destruição da vegetação, deixando para trás apenas árvores mortas, conhecidas como “paleteiras” ou “palha”.

As populações ribeirinhas ou morrem de fome ou vão para outro lugar ou adoecem devido aos impactos da construção das hidrelétricas.