A cultura de cancelamento de celebridades nas redes sociais: entre a perseguição ideológica e a cobrança por responsabilidade

Texto 1

A “cultura de cancelamento” foi eleita a expressão do ano pelo Dicionário Macquarie, um dos responsáveis por selecionar anualmente as palavras e expressões que mais moldaram o comportamento humano.

O movimento, que tem força principalmente nas redes sociais, envolve uma iniciativa de conscientização a partir da interrupção do apoio a um artista, político, empresa ou personalidade pública que tenha demonstrado algum tipo de postura considerada inaceitável. Normalmente, as atitudes que geram essa onda partem de um ponto de vista ideológico ou comportamental.

Nas palavras do Dicionário Macquarie, a cultura de cancelamento “captura um aspecto importante do estilo de vida no ano de 2019. Uma atitude tão persuasiva que ganhou seu próprio nome e se tornou, para o bem ou para o mal, uma força poderosa”.

(Felipe Demartini. “A ‘cultura de cancelamento’ foi eleita como termo do ano em 2019”. https://canaltech.com.br, 02.12.2019. Adaptado.)

Texto 2

O ato de cancelar alguém costuma ser aplicado a figuras públicas que tenham feito ou dito algo considerado condenável, ofensivo ou preconceituoso. O fato de as redes possibilitarem um canal mais direto do público com artistas e autoridades cria condições para a cultura de cancelamento, afirma Leonardo Goldberg, psicólogo e doutor em psicologia. “Acho que a cultura de cancelamento reflete um usuário ativo, que consegue, de modo engajado, social, político e coletivo dizer se está ou não gostando das condutas daqueles que acompanha pelas redes”, afirma.

No entanto, muitos daqueles que foram alvo de cancelamentos, ou que se solidarizam com pessoas que tenham sido criticadas dessa forma, se queixam de uma perseguição inquisitorial que cercearia o discurso e as ações de comediantes, artistas, políticos e youtubers.

Críticos apontam ainda que as reações muitas vezes alcançam dimensões desproporcionais ou se dão sem base em fatos. “Acho que o aspecto negativo é a forma como a gente se comporta numa certa cultura do ódio, esquecendo que é preciso fazer críticas mais embasadas e ter mais consciência coletiva da nossa responsabilidade”, defende a colunista e feminista Stephanie Ribeiro. “Às vezes, é uma forma até meio rasa de lidar com questões que são estruturalmente muito complexas”, afirma. “Não vejo impactos muito reais em relação a manifestações virtuais que confrontam comportamentos ou falas”.

(Juliana Domingos de Lima. “Quais os efeitos da cultura do cancelamento”. https:// nexojornal.com.br, 12.02.2020. Adaptado.)

Texto 3

Se por um lado prolifera o movimento contra o cancelamento, sob o pretexto de que ele não serve para educar alguém que fez um comentário preconceituoso, há quem defenda que a prática é importante para estabelecer limites publicamente.

“É inevitável que a redenção chegará para o cancelado. Mas, antes disso, a melhor ferramenta continua sendo que a opinião pública exija um pedido de desculpas e use as redes sociais para cobrar responsabilidade, criando um exemplo para as pessoas do entretenimento que realmente se importam com as comunidades que consomem seu conteúdo”, aponta a autora Shamira Ibrahim. Em outras palavras, ela acredita que a crítica e a repreensão em público ajudam a prevenir futuros deslizes
de outras celebridades.

André Luiz Maranhão de Souza Leão, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, concorda com esse ponto. “Gera uma situação de cuidado com certas opiniões que são emitidas, coisas que falamos às vezes por impulso e no fundo revelam certos princípios e valores que nem sempre vão ao encontro de certos grupos que precisam ser respeitados”.

(Luiza Pollo. “Todo mundo está de mal: o que a cultura do cancelamento diz sobre nós”. https://tab.uol.com.br, 20.09.2019. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A cultura de cancelamento de celebridades nas redes sociais: entre a perseguição ideológica e a cobrança por responsabilidade

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